Minha Vocação

“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.”

(Atos 20 : 24)

Em meados de 1988, aos quatro anos de idade e morando no bairro de Maranguape II, em Paulista-PE, tive minha primeira consciência de pecado. Ao lado de minha mãe, Rejane Maria Arantes da Silva, e de minha irmã, Jacqueline Arantes da Silva, na mesa em que realizávamos o culto doméstico, decidi confessar meus pecados e deixar Cristo habitar em mim. Nesta época freqüentávamos a Igreja Batista de Maranguape II. De lá para cá creio que Deus sempre esteve me direcionando em Sua vontade.

Em junho de 1996 passamos a freqüentar a 1ª Igreja Batista da Vila Cohab Rio Doce, em Olinda-PE. Nesta igreja, dirigida pelo pastor Nilson dos Santos, aprendi a buscar conhecer Deus e sua Palavra não apenas de ouvir falar. Aprendi a ler a Bíblia profeticamente e parabolicamente e a ter uma comunhão íntima com Deus através da oração. Foi então que em 17 de Novembro de 1996 fui batizado.

Aluno da Escola Bíblica Dominical, participante dos cultos de oração e de outras atividades da igreja, sempre ouvi de nosso pastor que cada crente tem um ministério, além disso que quando Jesus Cristo disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-m;” (Mateus 16 : 24), cada um de nós deveria estar pronto para morrer, morrer por Cristo. Essa palavra sempre falou e fala muito ao meu coração.

Foi então que no dia 03 de Setembro de 2002, quando comemorávamos 25 anos de ministério de nosso pastor em nossa igreja, e na ocasião pregava o Pr. Baruck, da 1ª Igreja Batista de Carpina-PE sobre a responsabilidade do ministério pastoral, decidi consagrar minha vida a Deus para que Ele me usasse da forma que quisesse.

Tudo me levava a crer que o Senhor me queria no ministério pastoral. Primeiro Ele me concedeu a graça de ser professor da EBD, de 2005 até hoje. Essa classe tem sido um treinamento para o ministério. Comecei essa classe com dois alunos e em três anos temos, no 2º período da escola de nossa igreja (o menos freqüentado), cinqüenta e três alunos. Hoje não tenho medo de dizer que não sou apenas professor, sou um pastor de cada aluno meu, pois além das aulas estamos sempre juntos, nas alegrias e nos sofrimentos. Tudo isso foi chamando a atenção de membros da igreja que sempre me diziam: “por que não vás para o seminário?”, ao que respondia: quando Deus me confirmar, irei.

Deus estava agindo de forma extraordinária, pois a qualquer lugar que fosse pessoas chegavam para mim e de uma forma interessante me conduziam à reflexão sobre a possibilidade de ir ao seminário. O chamado tinha, mas sempre esperava a confirmação de Deus quanto ao momento certo para ir ao seminário.

Neste ano de 2007, fiz um Curso de Liderança de Jovens e Adolescentes, promovida pela coordenadoria de Desenvolvimento Cristão da Convenção Batista de Pernambuco. Lá, não diferente de outros lugares em que freqüentava, irmãos, professores e pastores me questionavam quanto ao meu chamado. Em certo módulo o professor Demetrius Gomes Correia, seminarista do Seminário Teológico do Norte e ministro de evangelismo e missões da Igreja Batista de Iputinga-PE, que não me conhecia, ao término de sua primeira aula chegou para mim e perguntou: “quando te verei no seminário?”. Fiquei muito espantado. Daí por diante meu coração começou a ficar confuso, agitado e sem saber o que fazer, foi quando decidi no dia 18 de Outubro, realizar quarenta dias de oração específica para obter a resposta de Deus.

No segundo dia de oração estando eu na biblioteca da escola em que leciono, juntamente com o coordenador, Silon Menezes e a bibliotecária Naara Souza Santos, esta fez a seguinte pergunta: “Existe curso para líderes rebeldes?”, pensei que ela estava falando de mais um líder que a decepcionou, visto que ela já foi por muitos anos membro de uma igreja, mas não, ela disse e olhou para mim, pois sabia da minha dúvida quanto ao chamado.

No sétimo dia fui à minha igreja e ao chegar lá o irmão Luis Carlos me chamou e disse: “Desde que cheguei na igreja que eu estou te observando e acho que estás perdendo tempo. Você já deveria esta no seminário”.

No nono dia foi o dia da formatura do Curso de Liderança de Jovens e Adolescentes, na capela do Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Preguei naquela noite sobre o texto de 1ª Pedro 2.9, com o tema “Faça o que eu fiz”, baseado na pergunta que fiz ao Senhor sobre o que deveria dizer para que os formandos fizessem. Ao término da formatura veio ao meu encontro o Pr. Sidnei, hoje aposentado da Igreja Batista de Areias, e sua esposa, a Profª Iraci Leite, atual 2ª vice-presidente da Convenção Batista de Pernambuco, e o pastor me disse: “Um dia meu pastor chegou para mim e me perguntou se não estava na hora de entrar seminário.” E acrescentou: “Quando você estava pregando senti vontade de lhe dizer isso e minha esposa também”. Já a irmã Iraci me falou: “Quando você estava pregando senti que você tinha um chamado específico”. Para terminar, ele ainda me advertiu: “Não fuja do seu chamado, pois as conseqüências podem ser trágicas”.

Passados trinta e seis dias, sem contudo obter uma resposta concreta, meu coração ficou mais ainda angustiado, foi quando no dia 23 de Novembro me acordei às 3 horas e 50 minutos para orar e após a oração senti o grande desejo de entrar no site do Seminário do Norte, mas como não sabia o site fui para o da Convenção Brasileira e li sobre o concurso de bolsa integral, me inscrevi na hora entendendo que essa era a resposta definitiva do Senhor.

Agora, como se encontra no meu projeto de vida, elaborado em março de 2004, pretendo fazer o curso de Bacharel em Teologia para servir melhor e exclusivamente a Deus, tornar-me pastor de uma Igreja Batista, e, se possível for, trabalhar em órgãos de nossa Convenção visando a conservação da sã doutrina.

Nunca tive dúvidas quanto ao meu chamado, só não sabia o tempo certo. Agora sei que chegou a hora. Moro em Recife, tenho a comodidade do Seminário do Norte em minha cidade (Região metropolitana de Recife), mas por não querer ser apenas um teólogo e sim um pastor, decido deixar meu emprego, onde ganho cerca de três salários e meio, deixar minha residência, tudo o que me prende a Recife para estar no centro da vontade de Deus, pois tenho certeza que é o melhor lugar.

Roosevelt Arantes da Silva

Olinda , 19 de dezembro de 2007