Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
Lucas 19.10
Temos sido confrontados, nos dias de hoje, com questionamentos, que ao mesmo tempo em que são interessantes, demonstram o desconhecimento das pessoas acerca do Reino de Deus.
Não é difícil percebermos as oscilações das pessoas em relação à igreja ou religião que freqüenta. Hoje estão aqui, na semana que vem já estão em outro lugar. Tudo isto demonstrando tanto a falta de firmeza quanto às coisas espirituais, como a sede de conhecer o divino que pode lhe trazer a paz que procura.
Ao nos depararmos com o capítulo 15 de Lucas percebemos algo interessante ainda nos dois primeiros versos:
“Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.”
Lucas 15.1-2
Estes versos nos apresentam dois tipos de grupos que se aproximavam de Jesus: os chamados de publicanos e pecadores, e os fariseus e escribas. Os primeiro se chegava a Jesus para o ouvir, o segundo para o criticar.
Cambe-nos, então, a seguinte pergunta: O que você veio fazer na igreja?
Fariseus e os escribas (religiosos) procuravam Jesus para o criticar, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.
Na visão dos fariseus e dos escribas os outros eram pecadores, os outros eram indignos.
Para responder a esta questão e explicar a estes o que seria o Reino de Deus Jesus apresenta três parábolas:
· Da ovelhas perdida;
· Da dracma perdida;
· E a do filho pródigo.
A pergunta que faço é qual a sua motivação em estar na igreja? Para ouvir o que Jesus tem para tua vida ou para criticá-lo?
Seja qual for sua motivação vamos, a partir da parábola do Filho pródigo, descobrir algumas verdades concernentes ao reino de Deus.
Aqueles fariseus e escribas fizeram uma pergunta secundária, parecida com as que geralmente fazemos na igreja, mas Jesus lhes respondeu com aquilo que era fundamental. Eles, na verdade, fizeram esta pergunta secundária pelo fato de não terem uma real compreensão acerca do Reino de Deus, contudo...
COMO PRÓDIGOS PRECISAMOS SABER QUE...
1. ...TERMOS UM PAI QUE NOS DÁ LIBERDADE.
“Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos. O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres. Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.”
Lucas 15.11-13
Os tais fariseus e escribas não devem ter entendido esta situação, visto que na cultura judaica um filho pedir a herança ao seu pai significava pedir a morte do pai:
Henri Nouwen[1], autor do livro “A volta do Filho Pródigo”, certa vez entrevistou um judeu para entender o que seria pedir a herança a um pai e em seu livro transcreveu o seguinte diálogo:
· Alguém na sua cidade já fez um pedido assim?
· Nunca!
· Seria possível alguém fazer um pedido semelhante?
· Impossível.
· Se alguém fizesse isso, o que aconteceria?
· Certamente seu pai o espancaria!
· Por quê?
· O pedido significa que ele quer que o Pai morra.
A verdade é que temos um Deus, um pai que nos dá a liberdade. Em nenhum momento este pai tentou fazer com que seu filho permanecesse. Pelo contrário, para este pai a única razão pelo qual o filho deveria ficar era por vontade própria, ou seja, por não resistir ao amor do pai.
Olhando para a vida deste jovem percebo que FACILMENTE TROCAMOS O CONFORTO DO PAI PARA VIVERMOS UMA ILUSÃO.
o O que leva alguém a beber, beber até não aguentar mais ficar de pé?
Lembro-me do dia em que tive que carregar um homem de uns 45 anos que caiu próximo à congregação em que trabalho. Caiu por conta de um líquido (cerveja) que para ele, talvez, trouxe alguns momento de felicidade. Que vida de ilusão vivida por milhares de brasileiro.
Homens e mulheres que estão destruindo suas vidas e famílias por viverem a ilusão do alcoolismo.
o O que leva alguém a se tornar dependente químico (usar uma coisa que é uma droga a começar pelo nome)?
Estima-se que mais de 40 milhões de brasileiros a se refugiarem no ‘submundo’ das drogas.
Vida de ilusão. Abandonam a segurança e o conforto da casa do pai.
Para aquele jovem que saiu de casa estava tudo tranquilo enquanto tinha dinheiro, mas “havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades”. (v.14)
Em casa o jovem era patrão, agora, “foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada” (v.15-16) se tronando servo de uma forma pior do a que os servos do seu pai viviam, pois estes pelo menos tinham o que comer.
COMO PRÓDIGOS PRECISAMOS SABER QUE...
2. ...TERMOS A NECESSIDADE DO ARREPENDIMENTO.
“Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi para seu pai.”
Lucas 15.17-20a
A maior parte das igrejas, hoje, estão fugindo da mensagem dolorida do arrependimento para se prenderem apenas à mensagem "PARER DE SOFRER". Não é esta a mensagem que encontramos na Bíblia, pelo contrário o próprio Cristo disse: “No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (João 16.33). A verdadeira promessa é que mesmo nas tribulações o Senhor Jesus estará conosco.
No Antigo Testamento inúmeras encontramos passagens bíblicas, proféticas confrontando o povo de Israel a se arrependeram e retornarem à sua casa:
Em JOEL nós encontramos o profeta dizendo: “E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal.” Joel 2.13.
O profeta JEREMIAS também diz: Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos; renova os nossos dias como dantes; Lamentações 5.21
Já no Novo Testamento JOÃO BATISTA inicia a mensagem sobre Cristo e sobre sua mensagem é dito: Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar o teu caminho; voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas; assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados. E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. Marcos 1.2-5.
O próprio JESUS CRISTO tinha como mensagem: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho. Marcos 1.15
Depois de Jesus os próprio DISCÍPULOS não tiveram uma mensagem diferente e após a primeira pregação de Pedro os que ouviram sendo compungidos em seus corações “perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Atos 2.37-38
Em determinado momento quando aquele jovem “caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!”. É preciso CAIR EM SI. Se isto vai acontecer com a mensagem de alguém, com um acidente, com alegria, não sei, mas aqui na vida deste jovem percebemos que foi no momento em que ele chegou ao fundo do poço.
Ainda com este jovem aprendemos que não basta FALAR, (v.17-19), é preciso IR em direção ao PAI (v.20).
Quantos vivem uma espiritualidade superficial e passam o tempo todo dizendo que vão buscar o Senhor, mas nunca tomam uma atitude.
COMO PRÓDIGOS PRECISAMOS DESFRUTAR...
3. ...DO PRIVILÉGIO DE SERMOS DIGNIFICADOS PELO PAI.
“Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.”
Lucas 15.20-24
Estar longe do PAI significa estar morto, perdido. Estar longe de Deus tem o mesmo significado. O jovem levantou-se e foi ao encontro do pai, isto por que ele sabia que o pai o receberia.
Com o pai aprendemos que Deus conhece um coração arrependido (v.21), pois antes do filho concluir o que tinha de dizer o pai o abraçou pelo pescoço e o dignificou. O pai nem deixou ele completar a declaração que ele iria pronunciar.
Com o pai, como igreja, aprendemos que não temos muito tempo para recuperar a dignidade do arrependido (v.22). Foi assim com a ex-mulher adúltera, em João 8. Ao perguntar à mulher “onde estão os teus acusadores”, creio que Jesus estava fazendo com que aquela mulher levantasse sua cabeça e olhasse ao redor. Desta forma Jesus estava a dignificando.
Da mesma forma aconteceu com endemoniado gadareno, e em Marcos 5.15, encontramos a sociedade impressionada por ver este homem sentado, vestido e lúcido. Quem trouxe a roupa para este que antes estava nu? Alguém a trouxe. Imediatamente este homem foi dignificado.
Não há tempo a perder. A igreja precisa sair anunciando a mensagem restauradora de Cristo para dignificar os tantos que vivem em ilusão.
Diante de todas estas verdades percebemos que uma vez que descobrimos que temos a liberdade dada por Deus precisamos entender que podemos entregar nossa liberdade nas mão de Deus.
A verdade é que ou dizemos para Deus "seja feita a tua vontade" ou Deus nos diz "seja feita a tua vontade" e aí estamos entregues ao nosso desejo e ficamos distantes da proteção do Pai.
Quando oramos "venha o teu reino; faça-se a tua vontade", estamos dizendo Deus eu resisto ao teu amor e prefiro estar em tua presença.
Percebemos também que o arrependimento é possível quando descobrimos que temos um PAI que nos recebe de volta.
Jesus para falar sobre o REINO DE DEUS usa estas parábolas dizendo o quanto Deus nos ama.
É como um homem que perde uma ovelha e deixa tudo o que tem para ir em busca da ovelha perdida;
É como uma mulher que perde uma moeda e faz de tudo para imediatamente encontrá-la;
É como famílias que estiveram com seus parentes presos há 700m de profundidade;
É como um PAI que perde seu FILHO para o mundo, mas que sempre está de olho na rua, na esperança de que um dia seu filho vai voltar.
Por fim entendemos que a distância do nosso caminho de volta a uma intimidade com Deus é diretamente proporcional ao tamanho do nosso distanciamento.
[1] Henri Jozef Machiel Nouwen (Nijkerk, 24 de janeiro de 1932 - Hilversum, 21 de setembro de 1996) foi um católico holandês,teólogo, padre e escritor, foi autor de 40 livros sobre vida espiritual. Trabalhou na Universidade de Harvard, na Universidade de Yale e no Seminário Teológico de Ontário, Canadá. Seus livros foram traduzidos em mais de 20 idiomas e venderam mais de 20 milhões de cópias.
Por vários meses nos anos 70, viveu e trabalhou com monjes Trapistas na Abadia de Genesee, e no inicio dos anos 80, viveu com populações pobres no Peru. Em 1985, depois de aproximadamente duas décadas ensinando na Fundação Menninger Clinica em Topeka, Kansas, na Universidade de Notre Dame,e na escola de divindade na Universidade de Yale e Universidade de Harvard, ele resolveu compartilhar sua vida ajudando pessoas com deficiencia mental em uma comunidade de L'Arche chamada Daybreak emToronto, Canada.
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